Estes são os tempos
Em que vivemos
São tempos pesados
Sentes o peso?
Sentes o tédio?
O tédio que não passa?
O tempo, em si, não passa
A uva passa
Passa a chuva
Passamos nós
Em carros velozes
Em telefones móveis, ocupados
O tempo não passa
É o mesmo, desde sempre
E para sempre
Pesado, indiferente
A essa gente, que sente, temente
Passamos, e quem nota?
Quantos já passaram
Quantos morreram nas trincheiras
Esquecidos, na lama, desolados
Neste mesmo tempo em que vivemos
Ao mesmo tempo